Especial Câncer de Boca: o que é, quais são os sintomas e os fatores de risco?
No primeiro texto do especial sobre câncer de boca, aprenda como identificar a doença e por que a prevenção é tão importante.
PRIMEIRO TEXTO DO ESPECIAL ‘CÂNCER DE BOCA’
Falar em ‘câncer’ é sempre um assunto delicado. Todos sabemos que trata-se de uma doença difícil, de tratamento invasivo e, dependendo do tipo, com chances reduzidas de cura total. Mas é importante discutirmos o câncer para conhecermos bem a doença. Afinal, se percebermos cedo quaisquer sintomas que apontem para ela, conseguimos buscar tratamento médico mais rapidamente e, com isso, aumentamos as chances de cura e de um tratamento mais curto.
Vamos aprender neste texto o que é o câncer oral, quais são os sintomas, os principais fatores de risco e o que podemos fazer para prevenir o surgimento da doença.
Em especial, vamos aprende hoje sobre o câncer de boca, também chamado de câncer oral ou câncer bucal. O assunto está ‘na moda’ no momento, pois o ator Michael Douglas – que venceu um câncer oral de estágio 4 em 2010 – revelou que seu colega Val Kilmer está com a mesma doença.
Segundo o ator Michael Douglas (esquerda), seu colega Val Kilmer (direita) está com câncer oral, doença que Michael venceu em 2010.
Mas o que é o câncer oral? Quais são os sintomas? Ele é perigoso? O que posso fazer para me prevenir? Vamos ver as respostas para estas e outras perguntas neste texto especial, parte de uma série do Blog do Dr. Felix focada apenas no câncer oral.
O QUE É O CÂNCER ORAL?
Uma das grandes dificuldades de tratar o câncer oral é que os sintomas mais intensos costumam surgir apenas quando a doença já está avançada.
O câncer oral é um tipo de câncer muito perigoso, que acomete a região da boca, do pescoço e o trato respiratório superior. Nesta doença, células começam a se multiplicar desordenadamente, formando tumores, que podem invadir e destruir tecidos ao redor deles. O câncer oral, além disso, possui grande probabilidade de evoluir para tumores secundários, aumentando ainda mais o ‘estrago’ provocado.
O grande problema do câncer oral é que, em boa parte dos casos, os sintomas tornam-se aparentes para a pessoa apenas nos estágios mais avançados, quando as probabilidades de cura caem consideravelmente. Às vezes, o câncer oral só é percebido quando ele já se espalhou para outras regiões (como os nódulos linfáticos do pescoço), dificultando bastante o combate à doença. Por esses motivos, o câncer oral, infelizmente, ainda é uma doença que causa um número elevado de falecimentos em todo o mundo.
Estimativas apontam que 350 mil novos casos de câncer bucal são diagnosticados anualmente, no mundo inteiro. No Brasil, o número está na casa dos 15 mil novos casos anuais, segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer). O país é o terceiro no mundo com mais casos. Por aqui, a incidência é maior em homens do que nas mulheres. O número de falecimentos no Brasil por causa do câncer de boca é de aproximadamente 4 mil pessoas todos os anos.
Por isso, PREVENÇÃO É FUNDAMENTAL. Quanto mais cedo o câncer oral for descoberto, maiores as chances de recuperação e de cura.
É preciso aprender sobre a doença para entender a importância do cuidado constante com nossa boca. Conhecendo os sintomas e fatores de risco, temos chances maiores de identificar a doença mais cedo e de evita-la ao máximo. Estes são os tópicos que veremos a seguir.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS DO CÂNCER ORAL?
É preciso estar atento a quaisquer modificações na boca, língua, nos lábios (mais raro, na face e no pescoço. No início, é comum estas modificações passarem despercebidas pelas pessoas, porque elas começam pequenininhas e podem não gerar dor nem incômodos. Por isso mesmo, consultar-se regularmente com o dentista é uma prática fundamental. Dentistas possuem o ‘olho clínico’ e a experiência para detectar pequenas lesões e modificações, ajudando a realizar o importante diagnóstico precoce.
“Placas” de coloração esbranquiçada ou avermelhada na boca são alguns dos sinais do câncer oral. Imagem: Mayo Clinic.
Os sintomas mais comuns do câncer de boca incluem:
- Em termos simples, estruturas ‘anormais’ que surgem na língua, lábios, dentro da boca ou na gengiva. Elas podem ter aparências diferentes, como inchaços, regiões inflamadas (parecendo aftas, só que maiores e que não saram facilmente), de aspecto ‘descamado’ ou áspero (veja algumas imagens a seguir);
- Machucados de coloração diferente que surgem na boca, brancos, vermelhos ou com ambas as cores
- Machucados que sangram com facilidade e não somem após 2 semanas
- Modificações na posição dos dentes
- Dor ao movimentar a mandíbula
- Dor de ouvido, apenas de um lado da cabeça
- Falta de sensibilidade em qualquer região da face, boca ou pescoço
NA GARGANTA:
- Dificuldade de engolir e sensação de que há alguma coisa ‘entalada’ na garganta
- Mudanças na voz
- Dificuldade ao falar
Se você sentir qualquer um dos sintomas acima, não espere: ligue para seu dentista e marque uma consulta com urgência.
QUAIS SÃO OS FATORES DE RISCO PARA O CÂNCER ORAL?
Estudos científicos realizados no mundo inteiro apontaram que certos hábitos de vida aumentam bastante as chances do câncer oral aparecer. Veja na lista abaixo. Apesar disso, vale notar também que cerca de 25% dos casos de câncer de boca ocorrem em pessoas que não fumam e que não bebem com frequência, então todo mundo precisa ficar atento à lista dos sintomas.
FATORES QUE AUMENTAM O RISCO DO CÂNCER DE BOCA:
- FUMAR: quem fuma tem chances 6x maiores de desenvolver o câncer de boca. E é ainda pior quem tem o hábito de mascar tabaco: as chances de desenvolver câncer na parte interna da boca (na gengiva ou nos lábios), para essas pessoas, é 50x maior que o normal.
- BEBER: o consumo excessivo de álcool é relacionado a chances 6x maiores de desenvolver câncer oral.
- HISTÓRICO FAMILIAR DE CÂNCER DE BOCA
- HPV (PAPILOMAVÍRUS HUMANO): este vírus, transmitido sexualmente, é fator de risco para certos tipos perigosos de câncer bucal.
O QUE FAZER PARA ME PREVENIR DO CÂNCER DE BOCA?
Algumas atitudes podem ajudar a identificar o início de um câncer oral e, assim, fazer a pessoa procurar ajuda médica o mais cedo possível. Outras ajudam a prevenir o surgimento da doença. Veja a seguir.
- Prestar atenção a quaisquer alterações visíveis na região da boca ou dores ‘internas’ na boca ou no pescoço
- Consultar-se com um dentista pelo menos uma vez ao ano
- Evitar o consumo excessivo de álcool
- Evitar fumar – e, em especial, mascar tabaco
- Passar protetor solar nos lábios quando for à praia ou tomar sol. Apesar de raro hoje em dia, o câncer bucal pode ter início a partir de lesões nos lábios, causadas por excesso de sol.
Nos próximos textos da série sobre o câncer oral, vamos descobrir como ele se desenvolve, quais são os tratamentos mais adequados e qual é a importância do papilomavírus para a doença. Não perca.