Endocardite bacteriana: o que é e como prevenir?
Problemas com a saúde bucal podem levar a doenças no coração. Entenda o que é a endocardite e o que seu dentista pode fazer para preveni-la.
Você já ouviu falar na endocardite bacteriana? Esta doença, também conhecida pelo nome de endocardite infecciosa, pode ser causada tanto por bactérias quanto por fungos ou vírus. Ela é o resultado da proliferação de microrganismos no endocárdio (camada interna do coração), danificando as válvulas cardíacas.
Embora com uma incidência baixa, é uma doença séria. O prognóstico, infelizmente, ainda é muito ruim, apesar das modernas terapias existentes.
Na forma aguda, microrganismos invadem o tecido cardíaco, produzindo embolia séptica e causando infecções de evolução rápida e, geralmente, fatais.
Na forma subaguda, o resultado é a formação de colônias de microrganismos nas válvulas do coração ou no endocárdio lesado. Exemplo clássico é a cardite reumática, uma das consequências da febre reumática.
A população mais suscetível à endocardite bacteriana consiste em pessoas acima dos 50 anos. Isso porque esse público costuma ser mais acometido por doenças cardiovasculares arterioscleróticas e realizar cirurgias cardíacas “a céu aberto” – isto é, quando a cirurgia é feita com o tórax aberto, exposto. Os riscos de infecções, nesses casos, são grandes.
QUAL A RELAÇÃO ENTRE UMA DOENÇA DO CORAÇÃO E OS NOSSOS DENTES?
A prática da periodontia está intimamente ligada à prevenção da endocardite infecciosa. Pouca higiene bucal e certas alterações dentárias, como infecções periodontais ou endodônticas, podem induzir à proliferação de bactérias no sangue. Isso é: o mau cuidado com a saúde bucal é capaz de formar um ambiente propício para a proliferação de bactérias, e caso elas caiam na corrente sanguínea, poderão atingir o coração, provocando doenças.
Os pacientes de risco para a endocardite bacteriana são os que:
- Possuem doença cardíaca congênita, doença reumática ou outra doença valvular cardíaca adquirida;
- Possuem estenose subaórtica hipertrófica idiopática;
- Têm histórico de cirurgia reparadora ou prótese vascular;
- Têm histórico de doença cardíaca luética;
- Possuem estenose aórtica calcificada;
- Possuem ânulo mitral com regurgitação ou insuficiência mitral;
- Utilizam marca passos;
- São viciados em drogas injetáveis.
PREVENÇÃO EM PRIMEIRO LUGAR
Nesses casos, são necessários cuidados adicionais na hora de realizar quaisquer procedimentos odontológicos. Afinal de contas, um mero sangramento gengival pode ‘abrir caminho’ para que as bactérias presentes na boca invadam a corrente sanguínea.
Como protocolo, existe a recomendação de prevenção com antibióticos para todos os procedimentos odontológicos que possam causar sangramento gengival, o que inclui quase todos os procedimentos do tratamento periodontal (estes são os tratamentos dos tecidos em volta do dente). Estudos indicam que a bacteremia (grande quantidade de bactérias no sangue) ocorre com mais frequência em pacientes com doença periodontal do que naqueles sem a doença.
Além do uso de antibióticos, existem outras maneiras de prevenir a endocardite bacteriana e reduzir a quantidade de bactérias na cavidade bucal, a fim de minimizar a inflamação dos tecidos moles e passagem desses microrganismos ao sangue. Entre elas, citamos:
- Definir pacientes de risco antes de quaisquer tratamentos odontológicos;
- Introdução de higiene bucal na visita ao dentista, ensinando detalhadamente como cuidar da saúde da boca;
- Introduzir um esquema de rotina de terapia preventiva com antibióticos a todos os pacientes suscetíveis (a dosagem e o tipo específico de antibiótico devem ser determinados previamente pelo profissional).
Como vimos acima, o cuidado com a saúde bucal reflete no corpo inteiro, sendo importante, inclusive, para manter o coração forte e saudável. Por isso, converse com seu dentista sobre quaisquer problemas de saúde que você tenha e discuta com ele as melhores maneiras para cuidar melhor de seus dentes e gengivas. Afinal, a saúde começa pela boca.